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terça-feira, 13 de agosto de 2019

PENEDONO - O MORTO QUE MATOU O VIVO - lenda nº 4

Texto e ilustração de Santos Costa

O José Chuço fazia parte de uma quadrilha de salteadores com origem no concelho de Trancoso. Este José Chuço tinha por amante uma moça do Terrenho, daquele concelho, a que correspondia com carinho redobrado e dádivas subtraídas a condizer.
Aconteceu, em determinada noite, o infortúnio para o ladrão e amante. Houve um delator que nessa noite correu à vila de Trancoso para o acusar às milícias, dizendo-lhes que ele se hospedava na casa tal, de fulana tal. Ora, a milícias pelavam-se para o apanhar e deram-lhe caça. Cercaram a casa, deram voz de prisão e esperaram que o Chuço, perante o ardil, viesse em ceroulas e descalço para se lhes entregar.
O Chuço levantou-se da cama e disse para a amante:
- Vou-me entregar para me levarem preso!
Porém, mal pôs os pés na soleira da porta, os milicianos dispararam sobre a indefesa criatura, que logo caiu redonda. Depois de arrastarem o Chuço para o limite da aldeia, ali deixaram o corpo estendido, como cão abatido.
Já uivavam os lobos e cães quando um lavrador apiedado deu com o corpo e tratou de carregar o cadáver no seu carro de bois e seguiu para Penedono. Entrou na igreja daquela vila, providenciou umas tábuas rasas e deitou o morto na sacristia, onde certamente o veriam pela manhã e lhe dariam enterro.
Ainda nessa mesma noite, deu em entrar na igreja o sacristão, pois julgara ter ouvido ruídos estranhos. Abriu a porta da sacristia, entrou às escuras e, aos apalpões, tratou de acender uma vela. Foi então que deu com o cadáver.
- Credo! Meu Deus!
Mais não teria dito ou nem teria dito tanto. Morreu subitamente de susto.

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