Texto e ilustração de Santos Costa
O rei D. João I nem
sempre foi fiel a sua esposa D. Filipa de Lencastre. Então, apanhando-se fora
da corte, esquecia de todo a fidelidade conjugal, cativando outras mulheres na
ausência da filha do duque de Lencastre, sua consorte. Foi o caso que se deu na
cidade da Guarda, segundo narra a lenda.
Vindo à Guarda, o rei
apaixonou-se pela filha de um sapateiro da cidade, Pero Esteves, de que
resultou uma relação amorosa, da qual nasceu um filho, que se diz ter sido o primeiro
duque de Bragança.
A apaixonada do rei era
Inês Pires Esteves, de que nasceu, como se disse, um rapaz a que se deu o nome
de Afonso, com os títulos de Afonso I, oitavo conde de Barcelos e primeiro duque
de Bragança.
Isto é o que reza a
História, oscilando a lenda entre Guarda e Veiros, no Alentejo.
Entretanto, saiba-se o
desgosto que teve o sapateiro, homem simples mas honesto, que via naquela
relação do rei com a filha uma ignomínia para a sua casa. Nas barbas dos homens
se via a sua honra e a sua desonra e o sapateiro era um homem honrado na
cidade. As suas barbas ficavam manchadas, mas tratava-se do rei e aquela
relação não estava ao seu alcance resolver.
Pensou em matar o rei.
Para isso, muniu-se com uma besta e respectiva flecha, decidido a fazer uma
emboscada a D. João I para o matar. Essa seria uma solução que lhe devolveria a
honra por um lado, mas tirava-lha por outro e perderia a filha, um rei e a
liberdade.
Vai daí, Pero Esteves
jurou que durante a sua vida jamais cortaria as barbas.
No entanto, face ao
arrependimento do rei e o assumir a paternidade como o fez, o sapateiro ficou
quite. Porém, a tesoura na barba nunca mais foi permitida.
Para sempre ficou
conhecido como “o Barbadão”.
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