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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

GUARDA - O BARBADÃO - lenda nº 49


Texto e ilustração de Santos Costa

O rei D. João I nem sempre foi fiel a sua esposa D. Filipa de Lencastre. Então, apanhando-se fora da corte, esquecia de todo a fidelidade conjugal, cativando outras mulheres na ausência da filha do duque de Lencastre, sua consorte. Foi o caso que se deu na cidade da Guarda, segundo narra a lenda.
Vindo à Guarda, o rei apaixonou-se pela filha de um sapateiro da cidade, Pero Esteves, de que resultou uma relação amorosa, da qual nasceu um filho, que se diz ter sido o primeiro duque de Bragança.
A apaixonada do rei era Inês Pires Esteves, de que nasceu, como se disse, um rapaz a que se deu o nome de Afonso, com os títulos de Afonso I, oitavo conde de Barcelos e primeiro duque de Bragança.
Isto é o que reza a História, oscilando a lenda entre Guarda e Veiros, no Alentejo.
Entretanto, saiba-se o desgosto que teve o sapateiro, homem simples mas honesto, que via naquela relação do rei com a filha uma ignomínia para a sua casa. Nas barbas dos homens se via a sua honra e a sua desonra e o sapateiro era um homem honrado na cidade. As suas barbas ficavam manchadas, mas tratava-se do rei e aquela relação não estava ao seu alcance resolver.
Pensou em matar o rei. Para isso, muniu-se com uma besta e respectiva flecha, decidido a fazer uma emboscada a D. João I para o matar. Essa seria uma solução que lhe devolveria a honra por um lado, mas tirava-lha por outro e perderia a filha, um rei e a liberdade.
Vai daí, Pero Esteves jurou que durante a sua vida jamais cortaria as barbas.
No entanto, face ao arrependimento do rei e o assumir a paternidade como o fez, o sapateiro ficou quite. Porém, a tesoura na barba nunca mais foi permitida.
Para sempre ficou conhecido como “o Barbadão”.

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