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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO - Álamo, Fala! - lenda nº 34

Texto e ilustração de Santos Costa

Em certo lugar do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo surgiu enorme algazarra. Havia sido cometido um crime de homicídio sobre um pobre de Cristo sem que fosse visto o tratante que foi o autor da morte. Houve quem chegasse à conclusão que tinha sido obra de um rapaz do lugar.
Como o delito tinha sido cometido junto a um álamo, resolveram castigar o suposto culpado na mesma árvore, majestosamente preso pelo pescoço por uma corda.
O rapaz teria invocado a sua inocência, mas os acusadores e carrascos ficaram de ouvidos moucos e as suas consciências não davam mostras de enxovalhadas pelas razões e súplicas do infeliz.
Quando a corda já afagava o nó de Adão da inocente criatura, o álamo, considerando um abuso do direito tal julgamento, começou a fazer-se ouvir através de suspeitas vozes vindas do seu interior, como se a árvore abrisse manifestamente uma secular tendência vocal.
O carrasco, intrigado com o inopinado facto, aproximou-se da árvore e increpou-a à laia de juiz que intima a testemunha:
“Álamo, fala!”
E o álamo falou. Narrou como se tinha dado o crime à sua sombra e o nome do assassino.
“O criminoso não é esse a quem quereis apertar a garganta, mas fulano que está nesta hora repimpado em casa a ratar um salpicão.”
Assim se salvou o rapaz e se castigou o verdadeiro culpado, graças ao testemunho e à fala do álamo.
Essa ordem – álamo, fala! – ficou gravada na memória dos moradores que, a partir daí, a deixaram para a posteridade no topónimo de Almofala.

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