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terça-feira, 6 de agosto de 2019

MELGAÇO - A INÊS NEGRA - lenda nº 57

Texto e ilustração de Santos Costa

Depois da batalha de Aljubarrota, D. João I partiu à conquista dos castelos que se tinham posto ao lado dos castelhanos. Uma das praças assim consideradas era a de Melgaço, a qual estava sob o comando de Álvaro Pais de Souto Maior, alinhado com D. João de Castela. E não era só ele! Lá na fortaleza encontrava-se uma mulher de armas, dita a Arrenegada, com quem os soldados não queriam tomar forças, porque ela levava a melhor.
Como a batalha pela conquista e tomada da praça não se tornava decisiva, limitando-se tudo ao cerco e escaramuças, sem que os sitiantes tomassem a fortaleza e os de dentro dela não saíssem, a Arrenegada propôs um acordo: resolvia-se a contenda com uma luta entre ela e outra pessoa, que ela escolhesse; dava solução dessa maneira à contenda, ao mesmo tempo que ela, Arrenegada, teria oportunidade de ajustar contas como uma inimiga antiga, que ela ia nomear para essa justa corpo-a-corpo. Escolheu a Inês Negra para sua adversária, uma mulher que morava na aldeia que se tinha ao lado do Mestre de Avis.
Acontecia que a tal Inês Negra, tal como a dita Arrenegada, era uma mulher possante e virava de cangalhas qualquer homem, pelo que o desafio foi logo aceite por esta. Se vencesse a Arrenagada, o cerco seria levantado e as tropas de D. João I não incomodavam mais Melgaço; se perdesse, a praça render-se-ia e o rei de Castela perdia um aliado.
Em terreiro improvisado, só as duas mulheres se enfrentaram, ambas e duas com a pele escura de tanto o Sol a tisnar. Nas muralhas e em volta delas, juntavam-se sitiados e sitiantes, uns sobre as muralhas, os outros no terreiro da luta.
A Inês venceu a Arrenegada e esta recolheu ao castelo, sem que os de dentro fizessem tenção de cumprir a palavra. No entanto, já a contar com algo semelhante, os soldados do rei português colocaram-se de forma a entrar na fortaleza mal as portas se abrissem para recolherem a vencida.
A Inês Negra foi a primeira a entrar e, subindo para uma das torres, gritou:
- Tornaste a nós, Melgaço! És de Portugal!

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