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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

PROENÇA-A-NOVA - A MOURA E A CORNA - lenda nº 108

 

Texto e desenho de Santos Costa

Na aldeia das Corgas, do concelho de Proença-a-Nova, havia um pastor de cabras que costumava ir com o seu gado para a serra. Era lá que se encontravam os bons pastos, pelo que nos dias mais quentes de verão nem sequer descia ao povoado.

Pois foi num dia de calor que lhe apareceu subitamente, sem ele se aperceber de onde, uma mulher ainda nova, bem bonita e bem arreada de roupa fina, brincos e braceletes de ouro e prata. O pastor nunca a tinha visto por ali mais gorda.

Quando ele ia para a cumprimentar, retirando o chapéu da cabeça como era costume de gente bem educada, veio ela logo com o pedido:

- Você podia dar-me leite na sua corna para eu levar para os meus filhos?

O homem pegou na corna – um chifre de carneiro que servia de botelha – e foi ordenhar uma das cabras, entregando a corna cheia de leite à mulher. Ela logo ali provou e gostou. Pediu então ao pastor para aguardar um migalho e levou a vasilha do leite, prometendo devolvê-la com brevidade.

Ela voltou pouco depois e devolveu a corna, retirando-se de seguida. O pastor olhou para dentro da corna e esta estava toda suja, tendo no seu interior alguns carvões bem negros.

- Esta mulher não deve regular bem da cabeça. Em vez de me agradecer a oferta, traz-me a corna com carvões. Vá a gente ter caridade com certas pessoas!...

Deitou fora os carvões e foi lavar a vasilha a uma nascente que havia ali perto. Deixou que a água lavasse a corna. O seu espanto deu-se quando, depois de retirar a corna da água, esta brilhava como se fosse de ouro e, no seu interior, havia um pó que tudo indicava ser desse valioso metal.

- Não querem lá ver, que aquela fulana era uma moura e os carvões são ouro fino? Vou por eles…
    Indo ao local onde os despejou, já não havia lá nada.

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