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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

MANGUALDE - O POÇO DOURADO - lenda nº 61


Texto e ilustração de Santos Costa

Entre as povoações de Corvaceira e a de Chãs de Tavares, no concelho de Mangualde, parece ter havido, em tempos perdidos na memória, um poço de ouro. Supõe-se na lenda que as suas águas tivessem um tom de amarelo escuro, devido certamente a alguma estranha composição química, mas a mesma lenda dá-lhe outra explicação.
Aquele poço possuía grande riqueza aurífera, tanto assim que eram amarelas as suas águas. Quem retirasse água do poço, levaria consigo riqueza bastante para viver à barba longa durante toda a vida. Essa perspectiva deixava cada um com desejos de tentar. No entanto, não era fácil ir lá encher sequer um copo, pois uma moura mal encarada, toda bem arreada de roupa, brincos e braceletes de ouro, com corpo de sereia da cintura para baixo, não o permitia ao mais pintado aventureiro.
Como todos sabiam a sanha com que ele defendia o tesouro, que devia ser seu, não aparecia uma alma que fosse a tentar a sua sorte, não fosse ela por lá encantar o timorato e deixá-lo por ali transformado numa coisa qualquer, sem sopro de vida.
Ora aconteceu que certo indivíduo achou que podia arriscar a má disposição da guardiã do tesouro e foi até ao dito poço com toda a vontade e empenho para encher um odre com tal preciosidade.
Estava ele com a vasilha praticamente cheia, quando apareceu a moura junto às pedras que se encontram junto ao poço, as quais, segundo dizem, ainda lá se encontram. O homem, se bem que fosse corajoso, já ia seguir o seu caminho quando a moura, sem que nada o fizesse prever, lhe aplicou um golpe com a cauda de peixe. Fê-lo com tal ímpeto, que logo deixou ali estatelado o ousado aventureiro. E tal foi o impacto desse golpe recebido, que dele ficou vestígio na pedra maior junto ao poço, o que ainda se pode confirmar.

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