Texto e ilustração de Santos Costa
Certo rapaz de Tabuaço
ficou órfão muito cedo. Como não havia ninguém capaz de o criar, foi entregue a
uma tecedeira que vivia sozinha no povo.
Ele cresceu e foi sempre
educado e trabalhador no serviço de pedreiro. Todo o dinheiro que ganhava
entregava-o à tecedeira para que lho guardasse.
Quando chegou a idade de
namorar, disse o rapaz à tecedeira que ia construir uma casa com aquelas
poupanças, para nela viver com a mulher.
Aconteceu, porém, uma
coisa inesperada. Dias depois de ter falado nisto à mulher que o criou, esta
faleceu. Mas, ainda pior do que isso, o rapaz não ficou a saber onde a tecedeira
lhe guardava o dinheiro.
Lembrou-se então de expor
o caso ao pároco.
- Vais em tal dia, à meia-noite,
ao pé da igreja - recomendou-lhe o padre. - Se vires passar uma procissão, repara
bem se lá vai a tecedeira e pergunta-lhe onde guardou o dinheiro.
O rapaz assim fez. Foi
até à igreja matriz e, quando viu passar a tal procissão com velas acesas, assustou-se
de tal maneira e de sorte que nem viu a tecedeira.
Foi falar novamente com
o pároco. Este disse-lhe que arranjasse coragem e que visse melhor. A tecedeira
era a última da procissão, dado ter falecido há menos tempo.
O rapaz então arranjou
coragem e, ao reparar na última vela acesa que seguia naquela estranha
procissão, reconheceu a tecedeira. E falou com ela, perguntando-lhe onde tinha
escondido o mealheiro.
- Ao que tu te
aventuraste! – Foi assim a resposta que ela lhe começou a dar. – Podias ter
ficado tolhido! O dinheiro está escondido atrás do tear, onde sempre esteve.
Aproveita algum e manda dizer umas missas por mim.
De facto, o dinheiro lá
estava.
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