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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

TABUAÇO - O MEALHEIRO DA TECEDEIRA - lenda nº 56

Texto e ilustração de Santos Costa

Certo rapaz de Tabuaço ficou órfão muito cedo. Como não havia ninguém capaz de o criar, foi entregue a uma tecedeira que vivia sozinha no povo.
Ele cresceu e foi sempre educado e trabalhador no serviço de pedreiro. Todo o dinheiro que ganhava entregava-o à tecedeira para que lho guardasse.
Quando chegou a idade de namorar, disse o rapaz à tecedeira que ia construir uma casa com aquelas poupanças, para nela viver com a mulher.
Aconteceu, porém, uma coisa inesperada. Dias depois de ter falado nisto à mulher que o criou, esta faleceu. Mas, ainda pior do que isso, o rapaz não ficou a saber onde a tecedeira lhe guardava o dinheiro.
Lembrou-se então de expor o caso ao pároco.
- Vais em tal dia, à meia-noite, ao pé da igreja - recomendou-lhe o padre. - Se vires passar uma procissão, repara bem se lá vai a tecedeira e pergunta-lhe onde guardou o dinheiro.
O rapaz assim fez. Foi até à igreja matriz e, quando viu passar a tal procissão com velas acesas, assustou-se de tal maneira e de sorte que nem viu a tecedeira.
Foi falar novamente com o pároco. Este disse-lhe que arranjasse coragem e que visse melhor. A tecedeira era a última da procissão, dado ter falecido há menos tempo.
O rapaz então arranjou coragem e, ao reparar na última vela acesa que seguia naquela estranha procissão, reconheceu a tecedeira. E falou com ela, perguntando-lhe onde tinha escondido o mealheiro.
- Ao que tu te aventuraste! – Foi assim a resposta que ela lhe começou a dar. – Podias ter ficado tolhido! O dinheiro está escondido atrás do tear, onde sempre esteve. Aproveita algum e manda dizer umas missas por mim.
De facto, o dinheiro lá estava.

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