Texto e ilustração de Santos Costa
Gonçalo Anes Bandarra foi um poeta e profeta de Trancoso.
Sapateiro de profissão, vivendo na primeira metade do século dezasseis,
profetizou muitas coisas, de entre elas a restauração de Portugal. Chegou a ser
julgado pela Inquisição, mas livrou-se de ser queimado na fogueira, sendo então
proibido de fazer mais trovas proféticas.
Ora aconteceu que passeando dois escudeiros de Trancoso,
encontraram o Bandarra a meditar junto do castelo. Estava ele sentado
placidamente quando os dois o abordaram. Queriam saber o que ia acontecer nos
tempos mais próximos.
- Tens alguma coisa de novo, Gonçalo Anes?
O Bandarra encarou-os e disse:
- Sim, temos.
- E quê? – tornaram os escudeiros.
- Que se compre baeta.
Os escudeiros entenderam que na casa de algum deles ia
acontecer alguma morte. Comprava-se a baeta para se vestir quando houvesse
luto.
- E qual de nós é que há-de comprar baeta?
O Bandarra respondeu:
- Todos.
Acaso viria alguma peste que levasse a maior parte da gente
da vila? Intrigados e sem outra resposta mais esclarecedora, pois o Bandarra
dava mostras de nada querer acrescentar, os dois escudeiros continuaram o seu
caminho.
Daí a poucos dias adoeceu gravemente o infante D. Luís,
filho de el-rei D. Manuel e, por sua morte, foi declarado luto nacional em todo
o reino.
Então os dois escudeiros entenderam o vaticínio do Bandarra.
Todos os portugueses compararam baeta.
Bom dia, gostava de falar consigo sobre o Remexido. meu mail: MILHOMENS@HOTMAIL.COM
ResponderEliminarFantástico como eu Trancosense desconhecia esta " história". Obrigado...
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