Almeida,26 de agosto de 1862.
Os soldados franceses do exército de Napoleão
tinham posto cerco a esta praça fronteiriça, dispostos a passarem aquele
obstáculo que os impedia de penetrar em Portugal.
Um dos generais falava assim para os seus oficiais imediatos:
“Dizem que esta fortaleza foi construída para
resistir a qualquer Exército e os seus canhões, não é assim ?”
Eles assentiram com a cabeça e ele continuou:
“Pois seja ! Vamos bombardear o centro da praça.”
Respondeu um dos seus interlocutores:
“Está tudo a postos, general !”
“Será difícil entrarmos ali através da rendição,
general – disse um dos oficiais –, uma vez que não se entregarão.”
“A não ser que o canhoneio abra brechas nas
muralhas – contrariou o general - Dê ordens de fogo.”
Canhões de grande calibre tinham sido colocados em
ponto estratégico.
“Fogo !”
Às primeiras granadas, os franceses ouviam
violentas explosões na vila de Almeida.
O general francês soltou uma exclamação de vitória:
“Ração redobrada para o artilheiro. Acertou em
cheio no paiol da pólvora !”
Na vila, o povo andava de um lado para o outro.
“Acudam ! Acudam à nossa igreja matriz ! Salvem a
imagem de Nossa Senhora das Neves !”
“Água ! Água !”
“Não há água que chegue para este fogo !”
De súbito, uns flocos brancos começaram a cair
sobre as cabeças dos resistentes.
“Mas… Está a nevar ?!”
“Este nevão vai apagar o incêndio na nossa igreja.”
Todos se interrogavam. Estava um calor de verão, em
pleno Agosto e…
“Como é que é isto possível ? Está a nevar no mês
de agosto !
“É milagre !”
Um nevão cobria as muralhas de Almeida e apagava o incêndio
na igreja matriz. Dos escombros calcinados, agora cobertos de neve, era
retirada a imagem da Senhora das Neves, intacta.
Na robusta fortaleza de Almeida celebra-se todos os
anos, em Agosto, a festa de Nossa Senhora das Neves.
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