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sábado, 28 de dezembro de 2019

PÓVOA DE LANHOSO - O Pote de Ouro - lenda nº 6


Texto e ilustração de Santos Costa

É voz corrente que a ponte romana Mae Gutierres está há muitos anos encantada. É também tradição que essa ponte só pode ser desencantada por um pastor que possua no seu rebanho uma cabra que dê dois cabritinhos de uma só gestação numa noite de S. João. Mais se adianta: que essa cabra deixe os cabritinhos mamarem o leite todo.
Ainda de acordo com a mesma tradição, o pastor não poderá aproveitar-se do leite da cabra, seja a que título ou por razões que forem.
Se houver cumprimento integral daqueles preceitos, passado um ano terá de dirigir-se o pastor, pela meia-noite do relógio, à dita ponte, pois então aparecerá, à tona da água, um pote de ouro, também ele cheio de ouro.
Um pastor de Brunhais conseguiu que a sua cabra parisse dois cabritinhos na noite de S. João, bem como obteve os restantes requisitos. Numa dada altura, retirou o leite da cabra, mas esta operação contrariava uma das propostas, só se dando conta depois de já o ter feito. Arrependido, deitou esse leite pelo lombo da cabra.
Passado o ano, o pastor foi até à beira do rio Ave com os cabritinhos. De facto, lá apareceu o pote com todo o ouro a boiar. Pegou ele no pote, todo contente, e voltou para casa, dizendo para si mesmo:
- Este tesouro, com Deus, cá vai!...
De súbito, de dentro do pote veio a resposta:
- O pior foi o leite que tiraste, deitando-o pelo lombo da cabra!
- Deitei-o aí porque me esqueci da lição – desculpou-se o pobre homem, julgando que o assunto estivesse esquecido ou nem passasse apercebido.
- Pois essa foi a tua perdição!
O pote desapareceu das mãos do pastor e lá continuará à espera, junto da ponte romana sobre o rio Ave.


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