Texto e desenho de Santos Costa
No sítio de S. Pedro, entre as freguesias de Pena Verde e Forninhos, há vestígios de um castelo que o povo presume ter sido construído pelos mouros.
Conta a lenda que alguns mouros se encontravam a jogar o truque (uma espécie de jogo de cartas) em que, como em qualquer jogo desta natureza, se farta de fazer batota. Entre os que estavam na jogatina, estava o rei mouro e seu filho.
Ora, a páginas tantas, o filho do rei levantou-se da mesa e acercou-se das muralhas do castelo e viu algumas dezenas de arbustos caminharem como se tivessem pés.
Correu para junto do pai e alertou:
- Meu pai, os matos andam!
O pai, empenhado que estava na vaza, que lhe correria de feição, abominou a interrupção e vociferou:
- Truca e torna a trucar!
E voltou a dedicar atenção ao jogo, enquanto o filho retornava às muralhas para confirmar aquela perplexidade. Como o número de arbustos andantes, em vez de minguar recrudescesse, o rapaz voltou para junto do rei.
- Meu pai, os matos andam!
O pai, fartinho daqueles alarmes que lhe estragavam as vazas do jogo, respondeu:
- Larga daqui! Como é que os matos andam? - E voltando-se para os parceiros do jogo, ordenou: - Truca, retruca e torna a retrucar, se os matos andam, deixá-los andar.
O jogo continuou mais animado ainda.
Entrementes seguia a dança das folhagens até chegar às muralhas. Não encontrando resistência, os cristãos tinham-se aproximado e, chegados onde queriam, desfizeram-se da camuflagem e vá de pegar em armas. Entraram na fortaleza desprevenida e desbarataram a guarnição.
O rei, apercebendo-se do ataque, escondeu-se debaixo de um banco, onde o encontraram.
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