A
antiga Salácia, que hoje se chama Alcácer do Sal, foi conquistada aos mouros
pelo rei D. Afonso II. Fugidos os vencidos, para trás deixaram Almira, uma
criança que com o passar dos anos se transformou numa bela jovem. Depressa
todos os moços cristãos por ela se apaixonaram.
Num
dos parapeitos do castelo costumava ela passar longos períodos de tempo nos
meses de Agosto e Setembro, a suspirar, pensando nos seus.
Certo
cavaleiro cristão, um os que se tinha apaixonado por ela, decidiu escalar a muralha
numa das alturas em que Almira se sentava nas sua meditações e saudades. Para
ele só existia Almira.
Gonçalo,
tal era o nome do cavaleiro, subiu a pulso aquela dura muralha de granito,
aproveitando a face que se encontrava na penumbra.
Quando
a lua nasceu, já estava ele ao lado dela, tão inesperado e veemente na
abordagem que quase precipitou Almira das muralhas, tal o susto que apanhou.
Ele sossegou-a e ajoelhou diante dela, baixando a cabeça em sinal de respeito e
paz. Ainda ofegante pela escalada, declarou ele o seu amor perante uma atónita
moura, ainda incapaz de reagir.
À
luz da lua, ela reparou no rosto do apaixonado e ficou bem impressionada com
aquele atrevido cavaleiro cristão, que arriscara a vida para se declarar.
Estendeu os braços na direcção dele e recebeu a cabeça do jovem no seu regaço,
cobrindo-a com os cabelos libertos do turbante.
Nas
noites luarentas, ainda hoje o povo diz ouvir os murmúrios de Almira e de
Gonçalo.
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