Na
margem direita do rio Vouga, viveu em tempos um pescador que decidiu não casar.
A sua vida era dura, a faina difícil e ele achou que não estaria à altura de
sustentar uma companheira. No entanto, o seu maior desejo, mesmo um sonho, era
ter um filho. Com fervor, dirigia as suas orações e o pedido a Nossa Senhora
das Neves:
“Senhora
das Neves, concedei-me um filho! Dai-me esse anjo!”
Nunca
se esquecia de fazer o mesmo pedido em todas as orações. Até que, certo dia,
andando na sua barca a pescar, viu uma caixa a boiar nas águas. Remou até ela e
recolheu-a. Para sua admiração e contentamento, dentro da caixa vinha uma
criança do sexo masculino.
Satisfeito
e incapaz de silenciar a sua alegria, o pescador mostrou aquele “filho” a toda
a comunidade piscatória.
O
tempo foi passando e o rapaz foi crescendo. Ajudava o pescador, tratando-o por
pai e guardando-lhe todo o respeito. Não se recusava perante qualquer tarefa,
era humilde e diligente. Em determinada altura, porém, uma epidemia começou a
dizimar a população e o rapaz adoeceu.
Implorou
o pescador novamente a Nossa Senhora para lhe salvar o filho.
“Aqui
estou”, disse Nossa Senhora. “Venho buscar o anjo que te dei para o levar até à
corte dos anjos. Anjo seja.”
Como
anjo da guarda da comunidade, o rapaz foi com Nossa Senhora e a epidemia
acabou. A terra do “anjo seja” ficou a chamar-se Angeja.
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