Consta que o deus Hermes, da mitologia
grega, se veio hospedar no vale do Zêzere e em terras da serra, porque achou
ser este local o ideal para se afastar de outros deuses inconvenientes. O vale
do Zêzere era então um glaciar em movimento. Decidiu o Hermes estabelecer aqui
o seu povo nómada de pastores com os seus rebanhos, escolhendo para junto dele
os mais destemidos e os mais fiéis, tanto prontos para a pastorícia como para a
guerra.
Certo dia, descobriu Hermes, entre o
povo de pastores, uma mãe que embalava uma criança no seu colo. Era uma menina
tão encantadora que deslumbrou o próprio deus da magia. Era com essa criança
que ele queria fundar o povo ideal, capaz de apascentar os rebanhos de ovelhas
e cabras, de fazer o queijo e outros produtos derivados do leite dos animais. Assim,
enviou um touro, mais provavelmente um auroque, para que ele a arrebatasse das
mãos maternas a criança e lha trouxesse.
O touro partiu a cumprir a ordem. Chegou
junto da mãe e, com um dos chifres, pegou na criança pela roupa e partiu à
desfilada, indiferente aos gritos da mulher.
Se o touro fez ouvidos moucos à
gritaria, não o fizeram os pastores que se juntaram na perseguição do bovino.
De súbito, no vale, em pleno prado de
pascigo e junto aos salgueiros do rio, o auroque estacou e, com o mesmo cuidado
que levou no transporte, assim depositou a criança na erva.
Quando os pastores chegaram junto do
animal, repararam que este aquecia a criança com o seu bafo. A mãe chegou-se
sem temor junto dela e perguntou:
“Hermínia, minha filha, estás bem?”
O sorriso da pequena foi a resposta que
ela esperava.
Os pastores decidiram, dar ao vale e aos
montes o nome da criança, que passaram a ser conhecidos como Montes Hermínios e
trataram de dar nome ao lugar: Manteigas.
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