Texto e ilustração de Santos Costa
A Casa Grande de Freixo
de Numão é um belo edifício senhorial, barroco, do séc. XVIII, que foi
transformada em Museu de Arqueologia e Etnografia. Esta casa entra na lenda do
Chanceler, pois se diz que foi habitada por este homem, de quem se diz ter
pertencido à Maçonaria, sociedade secreta que nada tem a ver com esta lenda.
Assim, era costume o
Chanceler comprar peixe a uma mulher que todos os dias lhe batia à porta para o
vender, tão fresco quanto fosse possível naqueles tempos e à distância do mar,
se não fosse peixe do rio.
Em determinada ocasião,
descia ela o lugar dos Serabigos ou Sebarigos quando encontrou o Chanceler com
outros cavaleiros. Dirigiu-se a ele, perguntando-lhe se desejava peixe, uma vez
que o encontrava fora da casa. Ele respondeu-lhe que queria comprar peixe e
terá dito qual e quanto, pelo que a peixeira, um pouco mais tarde, se dirigiu à
Casa Grande para entregar a encomenda.
Alguém veio à porta e,
para espanto da mulher, foi-lhe dito que o Chanceler já estava morto e no
caixão, pelo que não podia ter feito a compra.
A peixeira, que o tinha
visto com os dois “que a terra há-de comer”, afirmou que o tinha encontrado na
companhia de outros seus iguais nos Sebarigos. E tal foi a insistência que os
da casa, para tirar de dúvidas, foram até à sala onde se encontrava o caixão,
pois tinham a certeza que o dono da casa se encontra lá estendido e pronto para
o funeral.
Lá chegados, todos
depararam com o imprevisto. Todos, menos a mulher: o caixão encontrava-se vazio
e em tal estado como se nunca tivesse sido estreado!
Para remediar a falta do
corpo, fizeram o funeral ao Chanceler, ou melhor, fizeram o funeral com um eixo
de carro de bois fechado na urna, que assim tomou o lugar do Chanceler, que não
mais foi visto e achado.
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