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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

VILA NOVA DE FOZ CÔA - O CHANCELER E A PEIXEIRA - lenda nº 55

Texto e ilustração de Santos Costa

A Casa Grande de Freixo de Numão é um belo edifício senhorial, barroco, do séc. XVIII, que foi transformada em Museu de Arqueologia e Etnografia. Esta casa entra na lenda do Chanceler, pois se diz que foi habitada por este homem, de quem se diz ter pertencido à Maçonaria, sociedade secreta que nada tem a ver com esta lenda.
Assim, era costume o Chanceler comprar peixe a uma mulher que todos os dias lhe batia à porta para o vender, tão fresco quanto fosse possível naqueles tempos e à distância do mar, se não fosse peixe do rio.
Em determinada ocasião, descia ela o lugar dos Serabigos ou Sebarigos quando encontrou o Chanceler com outros cavaleiros. Dirigiu-se a ele, perguntando-lhe se desejava peixe, uma vez que o encontrava fora da casa. Ele respondeu-lhe que queria comprar peixe e terá dito qual e quanto, pelo que a peixeira, um pouco mais tarde, se dirigiu à Casa Grande para entregar a encomenda.
Alguém veio à porta e, para espanto da mulher, foi-lhe dito que o Chanceler já estava morto e no caixão, pelo que não podia ter feito a compra.
A peixeira, que o tinha visto com os dois “que a terra há-de comer”, afirmou que o tinha encontrado na companhia de outros seus iguais nos Sebarigos. E tal foi a insistência que os da casa, para tirar de dúvidas, foram até à sala onde se encontrava o caixão, pois tinham a certeza que o dono da casa se encontra lá estendido e pronto para o funeral.
Lá chegados, todos depararam com o imprevisto. Todos, menos a mulher: o caixão encontrava-se vazio e em tal estado como se nunca tivesse sido estreado!
Para remediar a falta do corpo, fizeram o funeral ao Chanceler, ou melhor, fizeram o funeral com um eixo de carro de bois fechado na urna, que assim tomou o lugar do Chanceler, que não mais foi visto e achado.

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