Texto e Ilustração de Santos Costa
A filha do mouro de
Alcanena apaixonou-se por um moço pobre. Não se sabe o nome da apaixonada e do
rapaz, figurantes deste drama, mas tal não quita ao caso. O que se sabe é que
tal namoro não agradou ao pai da rapariga, que chamou a filha diante de si para
a admoestar:
- Proíbo-te que vejas de
novo esse rapaz. Deverás casar com um príncipe rico, que eu escolherei na
altura certa.
Perante as ameaças do
pai, a jovem moura fugiu e abrigou-se numas grutas.
O pai, que era rei,
contratou os serviços de uma bruxa para saber do paradeiro da filha e a bruxa,
depois de pouco tempo, conseguiu saber onde e como se encontrava a filha do rei
mouro. Através da mesma bruxa, o rei apresentava os pretendentes à filha, mas
esta rejeitava-os a todos. Eles bem a requestavam, mas ela inibia-os de poderem
mostrar quanto a paixão por ela os devorava.
Perante tanto desaire
seguido, e de modo a fazer parar tantos disparates paternos, a filha do rei
disse à bruxa:
- Diz a meu pai que o
meu coração tem um dono pobre e mais nenhum outro.
Logo que posto ao
corrente desta decisão inabalável, o rei pediu à bruxa que encantasse um
pretendente príncipe em forma de boi ou mesmo de vaca e que lho levasse.
Perante a vaca, a que
faltava destreza para o romantismo, como é bem entendido, o certo é que a moura
não se impressionou e continuou a desejar o rapaz pobre.
Finalmente desiludido e
convencido, mas teimoso, o rei decidiu então castigar a filha, deserdando-a dos
bens e do trono, acrescentando a este castigo um outro:
- Viverás nessas grutas
eternamente.
Assim ela ficou apartada
naquele sítio escuso. Dos olhos da moura brotam grossas lágrimas eternas e é
dessas lágrimas que se forma o rio Alviela.
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