Texto e Ilustração de Santos Costa
Por feitos de bravura,
D. Afonso Henriques deu a D. Fuas Roupinho a alcaidaria de Porto de Mós. D.
Fuas tinha sido um dos valentes cavaleiros que combateram e levaram de vencida
os mouros.
Conta-se que depois de
muitas batalhas, D. Fuas foi para Porto de Mós repousar e praticar a caça, que
ao tempo se realizava por ali como montaria aos veados.
Estava-se em 14 de Setembro
de 1182. O alcaide seguia com outros companheiros, todos apetrechados com
lanças, arcos e flechas, embrenhando-se nas densas matas em busca de veados,
javalis ou até lebres. A visibilidade era escassa, uma vez que um nevoeiro
espesso se espalhava pelo litoral. Isso fez com que D. Fuas Roupinho se
perdesse dos companheiros e se visse isolado nessa missão venatória.
De repente, por entre o
nevoeiro, D. Fuas descortinou as hastes de um veado, um enorme exemplar que
parecia desafiá-lo, aguardando-o calmamente. O animal deixou que o caçador se
aproximasse e só depois se lançou em louca corrida em direcção a um penhasco
rochoso, mal distinto na pouca visibilidade permitida pelo nevoeiro. D. Fuas,
que não queria perder aquela peça, lançou-se também em louca cavalgada na
perseguição e não reparou que o penhasco acabava abruptamente num profundo
abismo em direcção ao mar.
O veado precipitou-se no
vácuo, altura em que D. Fuas Roupinho reparou no perigo e tentou fazer estacar
o cavalo. Num instante, invocou Nossa Senhora, que lhe surgiu frente à montada,
fazendo-a parar e ficar suspensa no abismo, apenas com as patas traseiras
fincadas na beira da falésia.
Ao penhasco se chama O
Bico do Milagre e à ermida mandada construir ali se chama Ermida da Memória.
Mais tarde, perto da capela, foi erigida a igreja com a imagem de Nossa Senhora
da Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a aldeia de
Nazaré na Galileia.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.