Depois de muitas insistências de uma
rapariga de Algodres, o povo acabou por lhe dar ouvidos. Ela dizia que sonhava
várias vezes com uma senhora toda vestida de ouro, com uma coroa na cabeça, que
montava um cavalo também todo branco.
Do sonho passou para a realidade e
deu-se a vigiar o sítio onde a mulher aparecia. A trote, lá vinha ela sobre o
tal cavalo branco e dirigia-se para a Misericórdia.
Quando falava naquela dama, a rapariga
era tomada de êxtase, pelo que numa noite juntaram-se uns poucos no largo da
Misericórdia para confirmarem as aparições da tal cavaleira, mas nada apareceu.
Nas noites seguintes continuaram as vigias, mas da dama não viram sequer a mais
ténue sombra. Estavam alguns para desistir, coléricos e despeitados, quando se
deu o encontro. Estava-se na décima terceira semana do ano e passadas três luas
cheias desde o primeiro de janeiro, marcando o calendário o dia 13. Eram
precisamente 3 horas e 13 minutos quando viram surgir, vindo da Praça, o cavalo
branco com uma donzela de vestes douradas, debruns de azul e ornamentos de
estrelas, que se dirigia a trote para o castelo. Não lhes deu tempo nem ânimo
de perguntarem quem era ou simplesmente darem-lhe a salvação de cortesia.
Assim se passaram 13 dias, até que na
laje apareceu um estranho anão de orelhas pontiagudas e a dama a cavalo, que
disse ao anão:
“Sou quem sou. Trata-me por rainha e
quero informar-te, Algodres, que sejas como Jeremias, profeta de Jerusalém, que
vais ter vários fogos na Barroca, ladrões que serão à chusma entre franceses,
castelhanos, africanos e até daqui naturais. Vais crescer para o lado da Rasa e
serás futuramente uma terra bela, acolhedora e apetecível”.
O sítio passou a ser conhecido por Laje
da Rainha.
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