Vivia na região que hoje compreende
Almofala, uma bela moura de nome Salúquia. Todos lhe obedeciam. Certo dia,
chegou um novo governador mouro. O seu primeiro gesto de chefia foi mandar reunir
toda a gente:
“Por ordem de Alá e depois do emir, sou o
vosso novo governador. Exijo que todos me obedeçam, pois aquele que o fizer
será severamente castigado.”
Salúquia, que se destacara do meio do
povo, inquiriu:
“Serei obrigada a desobedecer às vossas
ordens?”
“Quem manda sou eu. Se desobedeces serás
castigada.”
“Se alguém me tocar, amaldiçoar-te-ei”
disse ela.
O governador achou que aquela ameaça era
insolência e mandou que a chicoteassem seis vezes no tronco.
“A partir de agora não terás um dia de saúde”,
amaldiçoou ela.
Pouco depois, o governador caiu à cama,
doente. Os médicos não descobriram a doença.
Um dia, Salúquia encontrou um homem
ferido numa perna. O homem era cristão implorava ajuda e ela acedeu a socorrê-lo,
falando-lhe da maldição que tinha lançado ao governador.
“Só te sei dizer que amas esse
governador”, disse-lhe ele. “Agora leva-me até àquela nascente de água.”
À medida que a água caía nas feridas,
estas saravam.
De súbito apareceu o governador a
cavalo, combalido. Acabou por cair da montada e Salúquia foi socorrê-lo. Ela
foi até à nascente de água, colheu alguma na concha das duas mãos e deu-a ao
governador, que logo ficou bom.
“Perdoai-me, senhor”, pediu ela, “daria
a vida por vós”.
Queriam agradecer ao cristão, mas este
tinha desaparecido. O governador e Salúquia casaram, converteram-se ao
cristianismo e viveram em paz. Até hoje, a nascente que se encontra no Vale da
Láxara, em Almofala, não perdeu as suas faculdades milagrosas de cura.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.