Em outra lenda da Ruvina se referiu que
o rei veio a esta terra, tendo antecipadamente deixado a ordem na qual uma
pessoa de cada povoação, pelo menos, devia esperá-lo à sua passagem e
acompanhá-lo. Da Ruvina cumpriu a obrigação uma senhora idosa, mas ao rei
passou despercebida a sua presença, pelo que impôs a todos os habitantes, como
castigo, um pesado encargo. Vergados ao peso do imposto, os habitantes
decidiram mandar um emissário ao rei, tendo escolhido um dos vizinhos mais
importantes, de seu nome Manuel Gonçalves.
Antes de partir para Lisboa, o emissário
cravou um prego no sítio onde depois se construiu a igreja do Espírito Santo,
dizendo:
“Aqui edificarei uma igreja se vencermos
o pleito!”
Assim partiu o homem, levando consigo
alguns criados e uma arca recheada do dinheiro que ele foi juntando.
Chegado à corte, o rei acedeu recebê-lo
na sala do trono onde se encontrava com a rainha. O emissário disse-lhe então
que o tributo era injusto, pois uma velha da povoação cumpriu a ordem real. O
rei ripostou:
“Que provas há disso? Que garantias
dais?”
O Manuel estendeu uma manta no chão, bem
diante do rei e da rainha, onde despejou o conteúdo da arca. Os reis olharam
estupefactos para a riqueza e mais admirados ficaram quando o ouviram dizer:
“O meu fiador está aqui.”
“De onde te veio tanto dinheiro?”
“Do mel das minhas colmeias e dos ovos
das minhas galinhas.”
A rainha disse:
“ Colmeia que tanto dá deve todos os
anos ser crestada.”
“Não” emendou o rei, “são estes os que
trazem o reino em pé.”
E acabou com o tributo.
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