No
tempo em que os mouros dominavam o território que hoje é Portugal, havia um
emir que possuía um castelo no Monte Carrascal, em Chacim. Este emir, de seu
nome Abdel-Ali, era um tirano que, para além de tributar, forte e feio, os
naturais, ainda lhes exigia a entrega das donzelas como tributo especial.
Decretou, assim, que toda a donzela que fosse levada ao altar, a primeira noite
de casamento seria passada na cama dele.
A
poucos quilómetros de distância, numa outra fortaleza, situada no Castro e
perto de Alfândega, mandava o cristão D. Rodrigo de Melo. Este D. Rodrigo tinha
uma filha muito bela, chamada Teodolinda, a qual, receosa do direito de pernada
exigido pelo emir na noite de núpcias, não queria casar.
Porém,
o emir viu-a e desejou-a para si, não só para a primeira noite como para todas
que a ele aprouvesse. Logo exigiu a D. Rodrigo, sob pena de lhe arrasar o
castelo, a entrega da filha.
Em
desespero, D. Rodrigo acorreu ao auxílio de duzentos cavaleiros de Alfândega,
capitaneados por Pedro Malafaia. Quis o acaso que D. Rodrigo, quando foi fazer
o pedido, levasse consigo a filha e esta se encontrasse com Casimiro, filho de
Pedro Malafaia. Logo se enamoraram um do outro e a decisão de casarem ficou
decidida entre ambos.
Abdel-Ali
não gostou de saber a novidade e mandou os seus guerreiros raptarem a noiva no
dia do casamento e antes que este se realizasse. Esta empreitada correu bem aos
seus homens, porque os duzentos Cavaleiros das Esporas de Ouro (assim
chamados), ainda não tinham chegado para vigiarem a cerimónia e impedirem
qualquer ataque do mouro.
Levada
para o Monte Carrascal, em seu socorro partiram os cavaleiros de Pedro
Malafaia, entre eles, Casimiro e o pai. O embate entre os soldados mouros e os
cristãos deixou o campo juncado de cadáveres, mas os cristãos lutaram com tal
denodo que conseguiram vencer e entrar na fortaleza do tirano. Casimiro, que ia
à frente, conseguiu entrar no quarto do emir, na altura em que este, vendo que
não lhe era dado violar a noiva, se preparava para a matar com um punhal.
Casimiro, que levava uma lança, trespassou o emir e exibiu a cabeça dele do
alto das muralhas.
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