Proclama-se esta lenda como sendo de Pena Verde, uma bonita localidade que foi, até ao séc. XIX, sede de concelho.
Arrumada a “feira dos Vinte”, em Moreira, ficou um queijeiro de Valverde entretido com amigos, brindando com vinho ao negócio. Quando achou que era altura de regressar a casa, o queijeiro despediu-se. Aparelhou o macho com alguns restos de mercadoria e tratou de regressar, como se costuma dizer, com o “grão na asa”.
A determinada altura do caminho viu, em sentido contrário ao seu, duas mulheres, uma nova e outra velha.
O queijeiro, virando-se para elas, versejou:
- Adeus lugar de Moreira, terra de muita feiticeira!
A mais idosa não gostou do que ouviu.
- Pedaço de asno, vais arrepender-te com língua de palmo por largares uma tal ofensa às mulheres de Moreira!
Ele riu-se e continuou o seu caminho. Um nevoeiro cerrado não deixava ver o trajeto habitual. Um lobo uivou na mata, o cavalo espantou-se e largou a fugir sem dizer adeus. Receando os lobos, que continuavam a uivar, o homem subiu a uns penhascos e ali ficou até raiar a luz do sol, altura em que desceu e foi à procura do cavalo.
Encontrou dois homens. Disse-lhes o que lhe aconteceu e os três andaram para um lado e para o outro, até que um deles encontrou alguns queijos no chão, na zona de fragas e barrocos que é conhecida por Medronheiro. Andaram um pouco mais e um dos buscadores deu com o cavalo entalado e morto entre dois penedos. Com o nevoeiro e o medo dos lobos, o animal entrara naquela fenda e já não conseguira sair.
Ao outro dia, o queijeiro entrou na igreja de Valverde e entre duas orações, confessou:
- Perdoe-me, Senhor, pelo que eu disse. As mulheres de Moreira não são feiticeiras.
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