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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

SEIA - A CABEÇA DA VELHA - lenda nº 27

 

 Texto e desenho de Santos Costa


Na Senhora do Desterro, em S. Romão, encontra-se um penedo que, pela sua configuração natural, se assemelha à cabeça de uma mulher idosa. A ele, pois, anda ligada uma lenda.

Em tempos viveu na serra uma jovem chamada Leonor, que era rica e bonita, mas que vivia sob a tutela de D. Bernardo, seu tio, e com o apoio de uma velha aia de nome Marta.

O tio de Leonor era um fidalgo cruel e despótico, não sendo para admirar que ele rejeitasse o namoro da sobrinha com D. Afonso, um fidalgo arruinado e, naturalmente por isso, muito pobre.

Para contrariarem a resistência de D. Bernardo, os dois enamorados encontravam-se às ocultas, sempre com o conluio e a ajuda da velha aia. Confiavam na velha senhora, pois ela garantira-lhes que se algum dia os traísse seria transformada numa pedra.

O acaso fez com que certo dia, vindo Marta com uma carta de D. Afonso para Leonor, o amo fidalgo, já desconfiado, obrigou-a a entregar-lha a ele. Era a marcação de um encontro, mas sem dizer o local e hora, pois só a criada o sabia. Difícil foi o tirano conseguir arrancar à velha o segredo, mas lá o conseguiu após muitas ameaças de morte.

Quando D. Afonso se encontrou com Leonor, com Marta a acompanhá-los de longe, como era hábito, incapaz de os avisar do perigo, foram alertados por gritos. Os dois apaixonados deslocaram-se ao sítio onde sabiam que Marta os aguardava e encontraram a velha transformada em pedra. Logo suspeitaram do que se passava e fugiram para a Galiza. Regressaram mais tarde, após a morte do tio, e foram ao mesmo lugar.

Lá estava a cabeça da velha Marta.

Aí mandaram erigir uma capela.

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