Certo
pastor do Colmeal, que pastava o seu rebanho na Serra da Marofa, sonhou que
devia ir a Belém, onde encontraria o que necessitava. E ele foi. Não se sabe
como, mas foi. Lá chegado, encontrou alguém que com ele meteu conversa e lhe
disse, depois de alguma conversa à sobreposse, que também tinha sonhado sobre
um tal Colmeal das Rolas; e mais: a ir lá, encontraria um chibo deitado sobre
uma pedra e, por baixo dela, uma cabra com o seu cabritinho, ambos de ouro
maciço.
Para
apimentar a descrição, o estranho concluiu:
“À
noite, as barbas do chibo transformam-se também em ouro!”
O
pastor regressou à sua terra e quis verificar a veracidade da descrição do
homem de Belém. Parecia-lhe impossível encontrar o que o outro descreveu, mas
encontrou. Lá estava o chibo sentado, que ele de imediato afastou para retirar
a pedra. Sob esta, a cabra e o cabritinho que luziam dourados aos raios do sol.
Como
se tratava de um homem honrado, resolveu entregar o achado ao rei.
“Real
majestade”, começou ele, “queria oferecer-vos uma cabra e um cabrito…”
O
rei ficou agastado com a oferta, pois a sua despensa crescia diariamente com
ofertas daquelas. E disse:
“Quero
então o cabritinho, por ser mais tenro.”
O
pastor abriu o saco e retirou o cabritinho de ouro, que entregou a um rei
completamente embasbacado e arrependido por não ter aceitado a oferta no seu
todo. Emendou ainda:
“Olha,
palavra de rei não volta atrás, mas peço-te que da cabra me deixes um chifre,
para fazer uma bengala. E, já agora, também te faço um pedido: quando chegares
à tua terra, junge uma junta de bois e do nascer ao por do sol, todo o terreno
que fores capaz de marcar com um arado, será teu.”
O
homem assim fez. Assim nasceu a Quinta do Colmeal.
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