Texto e ilustração de Santos Costa
Dona Chamôrra era uma
princesa muito rica, ambiciosa e má. Tinha um castelo no monte mais alto de uma
povoação dominada por ela. Os habitantes eram seus escravos, sendo obrigados a
entregarem-lhe todo o ouro que ganhavam com o seu trabalho. Para que não se
esquecessem desse dever e de subirem ao monte para fazerem entrega dessa
obrigação, a princesa subia a uma das torres do castelo e tocava três vezes num
gongo de ouro.
Lá em baixo, o povo
dizia:
- Vamos, que Dona
Chamôrra chama!
Ou ainda:
- Vamos que a Dona Chama
e não gosta de esperar!
Ela amontoava riquezas e
mais riquezas no seu castelo, ao passo que o povo passava fome.
De tanto sacrifício e da
obrigação desproporcionada, o povo resolveu revoltar-se, deixando a partir daí
de lhe levarem o ouro. Ela bem tocava no gongo, mas não recebia qualquer
contributo dos súbditos.
Com receio que a revolta
degenerasse e que os aldeãos fossem ao castelo para reaverem o ouro que tinham
entregado, ela resolveu escondê-lo num poço bem fundo, colocando um enorme
pedregulho a tapá-lo. E, não contente com essa artimanha, que dissimulava toda
a riqueza, bem perto daquele poço um outro foi enchido de peste, cobrindo-o com
um pedregulho igual, de modo que não havia diferença entre os dois
esconderijos.
Em seguida, foi à torre
do castelo e tocou o gongo:
- Vou desaparecer, mas
vós de nada lucrareis. Quem tentar encontrar o poço onde está o ouro escondido,
arrisca-se a encontrar o poço da peste e, se isso acontecer, todos vós
morrereis.
Diz a lenda que os poços
ainda lá estão e que ninguém se atreve a lá ir. Pelo menos, o povo ficou livre.
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