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segunda-feira, 13 de abril de 2020

FERREIRA DO ZÊZERE - A ÚLTIMA MOEDA - lenda nº 32


Texto e ilustração de Santos Costa

Uma mulher casada de Ferreira do Zêzere recorria à venda de lenha miúda para sustentar a casa. Apanhava essa lenha nas matas. Um dia deu de caras com uma estranha criatura, junto ao Penedo da Bica e perto da ribeira da Cabrieira. O homem vinha com estranha indumentário, que logo o identificava como mouro.
-Venho pedir-te que ajudes a minha esposa a dar à luz - disse-lhe ele.
A mulher, ainda receosa, assentiu com a cabeça e seguiu o mouro até ao penedo que logo se abriu para eles entrarem.
- Entra e não tenhas medo, que esta é a minha casa.
Era uma caverna onde o ouro luzia pelos cantos.
Após o parto, a mulher cristã apresentou ao mouro uma linda menina acabada de nascer.
- Pois sim, mulher, chegou a hora de te agradecer.
O mouro tinha na mão uma cafeteira que estendeu à mulher.
- Aqui tens o teu pagamento.
Mal se sentiu sozinha, a mulher abriu a cafeteira e viu que dentro só havia carvões. Descoroçoada e a maldizer o mouro, a mulher deitou fora os carvões para ficar com a cafeteira. Mas mal os carvões caíam na terra, assim se transformavam em moedas de ouro. Quando ela as quis apanhar, desapareceram.
Em casa, contou ao marido e este riu-se.
- Não acredito nessa patranha, mulher. Onde é que já se viu o carvão transformar-se em ouro? Sempre ficamos com a cafeteira, que ainda há-de ter algum préstimo. Ao menos, se tivesse guardado só um, sempre teríamos uma única moeda de ouro.
- Custa-me ainda a acreditar que fiz tamanha tolice!
No entanto, quando inclinou a cafeteira saltou de dentro para a sua mão a última moeda de ouro.

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