Texto e ilustração de Santos Costa
Uma mulher casada de
Ferreira do Zêzere recorria à venda de lenha miúda para sustentar a casa.
Apanhava essa lenha nas matas. Um dia deu de caras com uma estranha criatura,
junto ao Penedo da Bica e perto da ribeira da Cabrieira. O homem vinha com
estranha indumentário, que logo o identificava como mouro.
-Venho pedir-te que ajudes
a minha esposa a dar à luz - disse-lhe ele.
A mulher, ainda receosa,
assentiu com a cabeça e seguiu o mouro até ao penedo que logo se abriu para
eles entrarem.
- Entra e não tenhas
medo, que esta é a minha casa.
Era uma caverna onde o
ouro luzia pelos cantos.
Após o parto, a mulher
cristã apresentou ao mouro uma linda menina acabada de nascer.
- Pois sim, mulher,
chegou a hora de te agradecer.
O mouro tinha na mão uma
cafeteira que estendeu à mulher.
- Aqui tens o teu
pagamento.
Mal se sentiu sozinha, a
mulher abriu a cafeteira e viu que dentro só havia carvões. Descoroçoada e a
maldizer o mouro, a mulher deitou fora os carvões para ficar com a cafeteira. Mas
mal os carvões caíam na terra, assim se transformavam em moedas de ouro. Quando
ela as quis apanhar, desapareceram.
Em casa, contou ao
marido e este riu-se.
- Não acredito nessa
patranha, mulher. Onde é que já se viu o carvão transformar-se em ouro? Sempre
ficamos com a cafeteira, que ainda há-de ter algum préstimo. Ao menos, se
tivesse guardado só um, sempre teríamos uma única moeda de ouro.
- Custa-me ainda a
acreditar que fiz tamanha tolice!
No entanto, quando
inclinou a cafeteira saltou de dentro para a sua mão a última moeda de ouro.
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