Texto e desenho de Santos Costa
Na localidade de Fataunços, concelho de Vouzela, vivia um mouro chamado El Haturra, o qual era descendente do grande emir Cid Alafum. O mouro era velho e feio, fazendo-se acompanhar por uma bengala de cana.
Ninguém sabia por que razão o velho não largava a cana, a não ser Álvaro, o seu amigo cristão. Tinha-lhe dito que a caninha era mágica, apesar de velha e ressequida, mas que se tornaria verde se algum dia encontrasse sua prima, também descendente de Cid Alafum. Quando isso fosse, as terras e do emir voltariam para a família.
Numa dada altura, passeavam Álvaro e El Aturra quando se encontraram com uma princesa e a sua aia. Logo a caninha ganhou viço e ficou verde, ao mesmo tempo que o velho ficou jovem. A aia era a tal prima.
Os dois apaixonaram-se, mas o rei só consentia no casamento se El Haturra fosse baptizado. Ficou então marcado o baptismo para o dia do casamento, sendo que a aia já era baptizada.
No momento em que a água do baptismo caía sobre a cabeça do mouro, a caninha verde deixou de ter essa cor e ficou novamente ressequida. A moura desmaiou e El Haturra voltou a ser velho e feio, desaparecendo para sempre. A magia só fazia efeito de professassem a religião muçulmana.