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terça-feira, 17 de maio de 2016

FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO


Vivia na região que hoje compreende Almofala, uma bela moura de nome Salúquia. Todos lhe obedeciam. Certo dia, chegou um novo governador mouro. O seu primeiro gesto de chefia foi mandar reunir toda a gente:
 “Por ordem de Alá e depois do emir, sou o vosso novo governador. Exijo que todos me obedeçam, pois aquele que o fizer será severamente castigado.”
Salúquia, que se destacara do meio do povo, inquiriu:
“Serei obrigada a desobedecer às vossas ordens?”
“Quem manda sou eu. Se desobedeces serás castigada.”
“Se alguém me tocar, amaldiçoar-te-ei” disse ela.
O governador achou que aquela ameaça era insolência e mandou que a chicoteassem seis vezes no tronco.
 “A partir de agora não terás um dia de saúde”, amaldiçoou ela.
Pouco depois, o governador caiu à cama, doente. Os médicos não descobriram a doença.
Um dia, Salúquia encontrou um homem ferido numa perna. O homem era cristão implorava ajuda e ela acedeu a socorrê-lo, falando-lhe da maldição que tinha lançado ao governador.
“Só te sei dizer que amas esse governador”, disse-lhe ele. “Agora leva-me até àquela nascente de água.”
À medida que a água caía nas feridas, estas saravam.
De súbito apareceu o governador a cavalo, combalido. Acabou por cair da montada e Salúquia foi socorrê-lo. Ela foi até à nascente de água, colheu alguma na concha das duas mãos e deu-a ao governador, que logo ficou bom.
“Perdoai-me, senhor”, pediu ela, “daria a vida por vós”.
Queriam agradecer ao cristão, mas este tinha desaparecido. O governador e Salúquia casaram, converteram-se ao cristianismo e viveram em paz. Até hoje, a nascente que se encontra no Vale da Láxara, em Almofala, não perdeu as suas faculdades milagrosas de cura.

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