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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

MANTEIGAS - FÁTIMA - lenda nº 117

Texto e desenho de Santos Costa


No vale glaciar do Zêzere, na Serra da Estrela, fica a vila de Manteigas que, em tempos, teve um rei mouro a governar. Para além de cobiçarem a região, os cristãos também lhe cobiçavam a filha, pois Fátima possuía uma rara beleza. Mas chegou o dia em que os cristãos lograram assaltar o castelo; entretanto o rei fugira com a filha. Nessa fuga andaram pela serra em busca de um lugar onde pudessem refugiar-se.

Fátima tinha os pés doridos e ensanguentados. O pai, se bem que cansado, era incapaz de abandonar a filha. De súbito, à frente dos olhos de ambos, uma luz jorrou para lhes mostrar um caminho florido e atapetado. Pai e filha seguiram por aquele caminho em direção à luz que provinha de um palácio, onde se encerraram. Esse coruto serrano passou a chamar-se Coruto de Alfátema.

Conta-se que, passados anos, uma mulher pobre de Manteigas, teve de passar pelo dito coruto. Era madrugada de S. João, deu-lhe o cansaço para repousar, altura em que retirou do seu alforge uma côdea para trincar. Era pão seco e rijo. Estava assim entretida, quando olhando para trás de si, viu uma toalha estendida com figos por cima. Deu para comer e encher o alforge, deixando alguns porque não cabiam no saco. Regressou a casa, mas quando foi a retirar do alforge os figos, reparou que; em vez dos figos, havia moedas de ouro. Regressou ao coruto para trazer os que lá deixara, mas não encontrou a toalha com os figos. A voz de Fátima  fez-se ouvir:

                       Era teu tudo o que viste; agora tornaste em vão.

                       Não passes mais neste sítio nas manhãs de S. João;

                       Não te perdeu a pobreza, pode perder-te a ambição! 

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