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quinta-feira, 16 de abril de 2020

MIRANDELA - DONA CHAMÔRRA - lenda nº 39


Texto e ilustração de Santos Costa

Dona Chamôrra era uma princesa muito rica, ambiciosa e má. Tinha um castelo no monte mais alto de uma povoação dominada por ela. Os habitantes eram seus escravos, sendo obrigados a entregarem-lhe todo o ouro que ganhavam com o seu trabalho. Para que não se esquecessem desse dever e de subirem ao monte para fazerem entrega dessa obrigação, a princesa subia a uma das torres do castelo e tocava três vezes num gongo de ouro.
Lá em baixo, o povo dizia:
- Vamos, que Dona Chamôrra chama!
Ou ainda:
- Vamos que a Dona Chama e não gosta de esperar!
Ela amontoava riquezas e mais riquezas no seu castelo, ao passo que o povo passava fome.
De tanto sacrifício e da obrigação desproporcionada, o povo resolveu revoltar-se, deixando a partir daí de lhe levarem o ouro. Ela bem tocava no gongo, mas não recebia qualquer contributo dos súbditos.
Com receio que a revolta degenerasse e que os aldeãos fossem ao castelo para reaverem o ouro que tinham entregado, ela resolveu escondê-lo num poço bem fundo, colocando um enorme pedregulho a tapá-lo. E, não contente com essa artimanha, que dissimulava toda a riqueza, bem perto daquele poço um outro foi enchido de peste, cobrindo-o com um pedregulho igual, de modo que não havia diferença entre os dois esconderijos.
Em seguida, foi à torre do castelo e tocou o gongo:
- Vou desaparecer, mas vós de nada lucrareis. Quem tentar encontrar o poço onde está o ouro escondido, arrisca-se a encontrar o poço da peste e, se isso acontecer, todos vós morrereis.
Diz a lenda que os poços ainda lá estão e que ninguém se atreve a lá ir. Pelo menos, o povo ficou livre.

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